O suicídio é um fenômeno complexo e multicausal, resultante da interação de fatores psicológicos, biológicos e sociais. No Brasil, o suicídio é a terceira causa de óbitos do sexo masculino ocasionado por causas externas, representando 7,4% dessas causas (Ribeiro et al. , 2016). Uma das razões para o aumento do suicídio em homens tem sido atribuída à crise da masculinidade e à dificuldade de adaptação a um mundo em mudanças. Além disso, o comportamento impulsivo, o maior acesso a tecnologias letais e armas de fogo, o consumo excessivo de álcool e outras drogas, doenças mentais e físicas, doenças crônicas, violência, mudanças repentinas e importantes na vida da pessoa, e a situação cultural e socioeconômica são importantes fatores de risco para o suicídio.
Um estudo qualitativo com homens usuários de álcool e outras drogas que tentaram suicídio revelou que os motivos para a tentativa podem ser categorizados em três grupos principais: o uso de álcool e outras drogas em si, situações do mundo da vida familiar e sentimentos vivenciados no cotidiano. A perda do status que o trabalho ou o emprego confere, cria nos homens uma sensação de ausência de lugar social, também é um fator relevante associado ao suicídio.
A Importância Crucial da Rede de Apoio e Cuidados
O suicídio, sendo um fenômeno complexo e multifatorial, gera impactos intensos não apenas na família, mas em toda a sociedade. Para cada suicídio consumado, estima-se que cerca de 100 pessoas são afetadas, muitas vezes recebendo pouco ou nenhum suporte. Nesse contexto, os grupos de apoio representam recursos fundamentais de suporte emocional na posvenção, ou seja, na intervenção após um suicídio (Kreuz, 2020).
Esses grupos são considerados espaços de escuta, reconhecimento, legitimação e apoio a pessoas enlutadas ou intensamente impactadas pelo suicídio. Eles possibilitam a construção de sentidos para a perda e uma adaptação ao processo continuado de ressignificação. A presença de laços sociais bem estabelecidos com família e amigos, autoestima elevada, e a capacidade de resolução de problemas são considerados fatores de proteção contra o comportamento suicida.
O suporte familiar e os laços sociais são cruciais para a saúde mental e podem atuar como barreiras contra o ato suicida. A capacidade de adaptação e uma relação terapêutica positiva também são elementos importantes que contribuem para a resiliência individual. A ausência de doença mental, estar empregado, ter crianças em casa, senso de responsabilidade com a família, e gravidez desejada e planejada são outros fatores que podem proteger contra o suicídio (Kreuz, 2020).
Psicoterapia: Um Caminho para o Bem-Estar e o Sucesso Masculino
A psicoterapia emerge como uma ferramenta poderosa e eficaz para homens que buscam aprimorar suas relações, otimizar seu desempenho profissional e alcançar seus objetivos de vida. Longe de ser um sinal de fraqueza, buscar apoio psicológico demonstra autoconsciência e um compromisso genuíno com o desenvolvimento pessoal. A terapia oferece um espaço seguro e confidencial para explorar padrões comportamentais, crenças limitantes e emoções complexas que podem estar impactando negativamente a vida do homem (Lassance, 2005).
No contexto das relações interpessoais, a psicoterapia auxilia na identificação de dinâmicas disfuncionais e na melhoria da comunicação. Muitos homens enfrentam dificuldades em expressar emoções e necessidades, o que pode levar a conflitos e distanciamento. A terapia proporciona ferramentas para desenvolver uma comunicação mais assertiva e empática, fortalecendo laços familiares, de amizade e amorosos. Ao compreender melhor a si mesmos e aos outros, os homens podem construir relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios.
Em relação ao desempenho profissional, a psicoterapia pode ser um diferencial significativo. A psicoterapia, auxilia homens adultos a lidar com dificuldades de adaptação profissional, falta de realização no trabalho e dificuldades de inserção no mercado de trabalho, o que é crucial para o desempenho profissional e o alcance de objetivos de vida.
Além disso, a psicoterapia é fundamental para o alcance de objetivos de vida mais amplos. Ao abordar a indecisão vocacional e as disposições afetivas disfuncionais, como ansiedade e depressão, a psicoterapia contribui para que o indivíduo possa definir e perseguir suas metas pessoais e profissionais de forma mais eficaz. A capacidade de adaptação a mudanças e a reflexão contínua sobre a definição e condução das metas pessoais e profissionais são aspectos fundamentais para o sucesso na vida adulta. A terapia libera o potencial para o crescimento pessoal e a realização, capacitando o homem a enfrentar adversidades com maior força e determinação, transformando obstáculos em oportunidades de aprendizado e evolução.
Quais são os sinais de alerta de suicídio em homens?
Os sinais de alerta em homens podem ser sutis e diferentes dos observados em mulheres. Incluem isolamento social, aumento do consumo de álcool ou drogas, mudanças drásticas de humor, perda de interesse em atividades antes prazerosas, e comportamentos de risco. Expressões verbais diretas ou indiretas sobre a morte também são indicativos importantes.
Como a rede de apoio influencia a prevenção do suicídio masculino?
Uma rede de apoio robusta, que oferece suporte emocional e material, juntamente com um senso de pertencimento, atua como um fator protetivo essencial contra o suicídio. A fragilidade dessa rede pode aumentar o risco, enquanto o fortalecimento dos laços sociais e familiares contribui para a resiliência.
De que forma a psicoterapia auxilia no desempenho profissional masculino?
A psicoterapia pode auxiliar homens adultos a lidar com dificuldades de adaptação profissional, gerenciar o estresse, superar bloqueios e aprimorar a tomada de decisões. Ela contribui para a autoconsciência e a regulação emocional, aspectos cruciais para um desempenho profissional eficaz e o alcance de objetivos de vida.
Dúvidas Frequentes
•Homens são mais propensos a cometer suicídio do que mulheres? Sim, estatísticas mostram que a taxa de suicídio entre homens é maior que a de mulheres, embora as mulheres tentem mais vezes.
•A psicoterapia é eficaz ? Sim, a psicoterapia é altamente eficaz para, auxiliando no desenvolvimento de habilidades de comunicação, gerenciamento de estresse, resolução de conflitos e alcance de objetivos pessoais e profissionais.
•O que fazer se um amigo ou familiar estiver em risco? Ofereça escuta ativa, valide seus sentimentos, incentive a busca por ajuda profissional e, se possível, acompanhe-o. Em casos de risco iminente, procure um serviço de saúde imediatamente.
•Quais são os principais fatores de risco para suicídio? Uso de álcool e outras drogas, problemas familiares, sentimentos de desesperança, comportamento impulsivo, acesso a meios letais e doenças mentais.
•A rede de apoio realmente faz diferença? Sim, uma rede de apoio familiar e comunitária forte, que oferece suporte emocional e senso de pertencimento, é um fator protetivo crucial contra o suicídio.
Conclusão
O risco de suicídio no público masculino é uma realidade complexa que exige nossa atenção e ação. Compreender as causas, os fatores de risco e a importância da rede de apoio é o primeiro passo para a prevenção. A psicoterapia se apresenta como um recurso valioso, capaz de transformar vidas, auxiliando homens a navegar pelos desafios da vida moderna, aprimorar suas relações e alcançar seus objetivos.
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando dificuldades, não hesite em buscar ajuda profissional. A vida é um bem precioso, e há caminhos para superar o sofrimento. Procure um psicólogo ou psiquiatra, converse com amigos e familiares, ou ligue para o CVV (188). Sua saúde mental importa.
Referências Bibliográficas
KREUZ, G. Grupo de apoio para sobreviventes do suicídio. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 25, e48516, 2020.
RIBEIRO, D. B. et al. Motivos da tentativa de suicídio expressos por homens usuários de álcool e outras drogas. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 37, n. 1, p. e51051, 2016.
LASSANCE, M. C. P. Adultos com dificuldades de ajustamento ao trabalho: ampliando o enquadre da orientação vocacional de abordagem evolutiva. Revista Brasileira de Orientação Profissional, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 41-52, 2005.